Foto: Lucas Amorelli (Arquivo Diário)
À frente da Secretaria Municipal de Saúde há dois meses, o médico traumatologista Francisco Harrisson de Souza, 47 anos, ainda não teve muito tempo para colocar em prática grandes projetos e ações. Mas a busca por mais agilidade no fluxo de processos na área é uma das bandeiras levantadas por ele, que permanece no cargo até abril do ano que vem, quando deve se afastar para concorrer novamente a uma vaga na Câmara de Vereadores nas eleições de 2020.
Gestantes e crianças podem se vacinar contra a gripe na rede pública a partir de quarta-feira
O Diário entrevistou o secretário na última quinta-feira. Ele falou sobre o surto de toxoplasmose - que neste mês completa um ano desde o anúncio oficial -, sobre as tratativas para a abertura dos primeiros leitos do Hospital Regional Centro e abordou a notícia falsa que forçou a paralisação de atendimento em um posto e dos planos para o próximo ano na área da saúde.
Confira, abaixo, a entrevista em tópicos.
TOXOPLASMOSE
"O Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS) é o responsável por fechar o estudo epidemiológico. O último relatório foi expedido em janeiro. E a Secretaria de Saúde de Santa Maria está seguindo todas as recomendações dos boletins e relatórios. O maior legado para a Vigilância em Saúde é a própria valorização dentro do município, ela saiu fortalecida do surto. Se a vigilância é forte, temos poucas doenças. E não é só a toxoplasmose, há uma série de doenças que podem aumentar por falta da atuação da vigilância. Mudamos o programa de avaliação da água, com o monitoramento da rede de abastecimento e coleta de material para análise, que antes não era feito. A Secretaria de Desenvolvimento Rural está elaborando uma cartilha de apoio para os produtores rurais de hidroponia, com recomendações para eles seguirem para evitar outras doenças, inclusive a toxoplasmose. Santa Maria é a única cidade do país onde o exame de toxoplasmose é feito todo mês nas gestantes em pré-natal. Os cuidados individuais em saúde aumentaram por causa do surto, e isso é um legado que fica para a cidade. Por isso que, quando consultado quanto à questão da água e da toxoplasmose, eu não posso deixar morrer a ideia de que os cuidados com a água tem que ser mantidos. Não é uma questão de responsabilização nem nada, mas as recomendações permanecem. Está lá no relatório."
HOSPITAL REGIONAL
"Os R$ 8 milhões que precisa para o custeio do hospital, o Estado disse que não seria o problema. A gente precisa dos R$ 72 milhões para equipar tudo isso. O prefeito vai buscar em Brasília essa possibilidade, um escalonamento, uma previsão de pagamento do governo federal. Pretende-se abrir o hospital em partes, por especialidade, por complexidade... Não precisa abrir a Centro de Terapia Intensiva (CTI) com todos os leitos logo de cara, pode abrir com cinco leitos e, depois, ir ampliando. O que a gente quer é traçar uma expectativa desse financiamento, e traçar com o Instituto de Cardiologia o que pode ser feito, quais as prioridades, para se ter realmente uma previsão de abrir. Na última reunião que participei, não houve nada com relação à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). A gente ouve sempre essa conversa. O Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) quer, mas Brasília quer? Quem manda é o pessoal de Brasília. Ano passado, a sede de lá disse que não quer, que não tem a menor possibilidade, eles deixaram bem claro isso. Pode ter uma vontade daqui. Seria um hospital de apoio, de ensino, o complemento ideal para o Husm, mas a Ebserh em Brasília quer? O último ministro que falou disse que não tinha esse interesse. Tudo é possível, mas nas reuniões não foi nem ventilada a hipótese."
FAKE NEWS
"As fake news em saúde acontecem muito. Todo o ano tem a notícia de que as vacinas foram feitas para matar os velhinhos. A questão hoje é as pessoas tomarem cuidado com o que divulgam, filtrar um pouco. Tem pais que não vacinam seus filhos porque, há uns dois anos, começou um movimento no mundo todo contra as vacinas. O sarampo, por exemplo, voltou com os movimentos migratórios. E se as pessoas não vacinarem, os problemas vão voltar. De onde veio isso? Se não conhece, não passa para ninguém, pois isso atrapalha muito o nosso serviço. Qual o objetivo disso? A pessoa também pode procurar as autoridades para confirmar ou não a informação. Se tem uma notícia suspeita circulando sobre saúde, liga para Ouvidoria da secretaria - (55) 3921-1090 -, pega o telefone e liga, pede para falar com o gabinete do secretário. Se for bobagem, vamos responder que é bobagem. Se for sério, vamos dar atenção. Nos outros países há uma proximidade muito grande com o poder público, precisamos aproximar mais a população, aqui as pessoas têm medo. Pode ligar. Não tenha dúvida, pega o telefone e liga, nós vamos responder. O gabinete está à disposição da comunidade e é melhor do que sair espalhando besteira."
MUDANÇAS NA SECRETARIA
"Nossa ideia é melhorar os fluxos dentro da Secretaria de Saúde. Tivemos recentemente o contrato com a Planalto, para melhorar o transporte de pacientes até Porto Alegre. Vamos, também, fazer uma revisão desse serviço, saber quem precisa ou não ir para lá, tentar encaixar ela no fluxo da cidade. Estamos trabalhando para diminuir as filas nas unidades básicas e ESFs, colocando mais médicos, contratando mais, organizando a fila... algumas unidades estão precisando de reforma e queremos melhorar isso. Esse é nosso objetivo. Em abril eu saio e volto a concorrer na Câmara de Vereadores, então é um tiro muito curto, muito rápido, mas temos muitos projetos que estavam parados e estamos retomando, projetos que não podem ter ritmo devagar. Temos muita coisa legal para o segundo semestre."